sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Menores

E novamente o "menor da tranca de bicicleta" volta a atacar. Acredito que todo mundo lembre, no começo do mês um menor foi preso pelo pescoço com uma tranca de bicicleta no Rio de Janeiro. Então. esse mesmo menor voltou a assaltar (http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/adolecente-preso-com-tranca-de-bicicleta-volta-a-apanhar-no-rio) e ainda utiliza a fama conquistada com o caso para se proteger.

Primeiramente, é claro que houve um exagero dos "justiceiros", aqueles que o trancaram no poste. Trancar alguém no poste é sim desumano, mesmo sendo um bandido o cara que estava lá amarrado, mas acredito que não haveria mal algum se alguém o segurasse sem violência, simplesmente não o deixando sair do local, até a chegada da Polícia ou o conduzisse à uma delegacia.

Justiça com as próprias mãos, apesar de ser um retrato de pessoas cansadas de tamanha impunidade, não é a melhor forma de resolver as coisas. Se fosse, não precisaríamos do Poder Judiciário. E mais, se alguém faz justiça com as próprias mãos, está se rebaixando ao nível do bandido. Não vejo forma de fazer justiça com as próprias mãos sem violência, e portanto, sem cometer outro crime.

Não escrevo para falar do que aconteceu com esse menor, mas sim do que vemos todos os dias, em vários casos, em todo o Brasil: menores, amparados pela lei, que cometem crimes. Eu não entendo a lógica em se proteger menores que "trabalham" para o mundo do crime, enquanto muitos menores de bem que gostariam de trabalhar honestamente não podem e, assim como todos nós, cidadãos de bem, sofrem com o problema da "insegurança pública".

O fator social pode influenciar na entrada de alguém no mundo do crime? Pode, mas não justifica. O fato de um jovem ser pobre ou morar em uma favela não quer dizer que ele será um criminoso. É fato que as chances de uma influência podem ser maior, mas não são todos que seguem esse caminho errado. Se fossem, como explicar jovens ricos, teoricamente com uma boa vida que também cometem crimes?

O que chama a atenção é que a lei parece proteger os menores que estão por aí roubando, furtando e matando pessoas, amparados pela certeza da impunidade. Vemos todos os dias casos assim, e também vemos todos os dias essas pessoas saírem da delegacia como se nada tivesse acontecido, enquanto vítimas perdem seus bens com muito suor conquistados ou familiares choram seus entes queridos.

Se não é possível a redução da maioridade penal para 16 anos (um absurdo, já que um jovem dessa idade pode, por exemplo, votar), que fossem criadas punições mais severas. A ficha de um bandido não deveria ser zerada depois que ele completa 18 anos. Acredito que jovens reincidentes deveriam ter uma pena maior e parar de ser tratados como meros infratores, uma pessoa que comete crime duas vezes já é um verdadeiro bandido!

Defendo também, para não dar a esse menor a desculpa de que "não tem qualificação", que nesse tempo em que ele estivesse recluso, houvesse a possibilidade do mesmo fazer cursos técnicos ou profissionalizantes, em diversas áreas. Assim o mesmo sairia de lá pelo menos teoricamente com a chance de uma nova vida.

Enquanto isso, outra coisa que me chama a atenção, agora pelo lado bom, é que converso com vários menores de bem. Muitos, na faixa dos 16 ou 17 anos comentam comigo que gostariam muito de trabalhar, porém muitas empresas não os contratam (aparentemente) por serem menores de idade. Acredito que esses menores, de bem, que querem desde já começar uma vida honesta, deveriam ser melhor amparados por nossas leis, deveriam poder ter a opção de entrar em um emprego, ganhar seu dinheirinho, viver a sua vida independente.

Mas esse é o nosso Brasil, onde menores que cometem crimes são bem tratados pela lei, enquanto ao mesmo tempo aqueles jovens honestos que querem viver uma vida honesta ficam a mercê dos outros e nem sempre recebem as oportunidades que deveriam.


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